Conhecida por um grande polo industrial, Cubatão foi considerada o “Vale da Morte” na década de 80 e sofreu com uma das maiores tragédias ambientais
Sofia Schuck
Repórter de ESG
Publicado em 16 de abril de 2025 às 11h59.
Última atualização em 16 de abril de 2025 às 12h27.
Exame
Cubatão ficou conhecida como “Vale da Morte” na década de 80 após liderar o ranking de poluição da ONU e agora é símbolo de uma reviravolta ambiental.
Nesta quarta-feira (16), recebe um reconhecimento da ONU por entrar na lista seleta da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) de cidades mais verdes do mundo de 2024 junto a outras 34 brasileiras contempladas.
O selo “Tree Cities Of The World” premia ações urbanas voltadas à sustentabilidade e preservação ambiental e destaca localidades globais que adotam políticas públicas de manejo sustentável de florestas urbanas. Ao todo, foram 210 reconhecidas em 24 países e quase R$ 4 bilhões investidos em práticas de gestão florestal.
Em Cubatão, município que é centro de tráfego de veículos de passeio e de carga entre São Paulo e a região da Baixada Santista, seu enorme parque industrial é o maior desafio para manter a qualidade do ar.
Na década de 80, a poluição era tão alta que o local ficou conhecido como “Vale da Morte”, em decorrência de uma série de óbitos por problemas respiratórios e nascimento de crianças sem cérebro. Não à toa, o dia já amanhecia laranja e com cheiro de enxofre.
Mas uma tragédia ambiental em 1984 mudou o rumo das políticas públicas e fez a cidade sair das mais poluídas do mundo: o incêndio da Vila Socó, que resultou em um plano de redução de 98% dos poluentes. Este concedeu à cidade o título de “Recuperação Ambiental” em 1992.
Entre as ações destacadas na lista da ONU, estão o Plano Municipal de Arborização Urbana e as compensações ecológicas com plantio de árvores nativas. Além disso, ações transversais, como os recentes projetos habitacionais como o da Vila Esperança, Vila dos Pescadores e da Ilha Caraguatá, que focam na recuperação de áreas verdes e ajudam na preservação de manguezais e restingas.
“O reconhecimento coloca Cubatão de volta ao cenário internacional sobre ações voltadas à promoção de um meio ambiente saudável e em consonância com os aspectos industrial, de turismo, habitacional, cultural”, disse o prefeito César Nascimento, em comunicado.
Assim como a cidade virou símbolo de recuperação na Eco-92, agora é a vez de liderar pelo exemplo na Conferência de Mudanças Climáticas da ONU (COP30) no Brasil, disse ele. “Coincidência ou não, vemos que a história se repete de maneira completamente positiva e muito mais ampla”, complementou.
Exemplos pelo mundo
Zhimin Wu, diretor da Divisão Florestal da FAO, destacou que este é o maior número de homenageadas desde que o programa começou em 2018. “Elas estão liderando pelo exemplo no fornecimento de espaços verdes e infraestrutura que ajudam a definir um senso de lugar e bem-estar onde as pessoas vivem, trabalham, se divertem e aprendem”, disse em nota.
“Quando devidamente planejados, estas ações podem mitigar o risco de desastres naturais, contribuir para estratégias de adaptação às mudanças climáticas, aumentar a coesão social e tornar as cidades mais seguras e resilientes.”
No Brasil, 34 estão na lista: Arapiraca, Belo Horizonte, Cabedelo, Campina Grande, Campo Grande, Cianorte, Cordeirópolis, Cubatão, Goiânia, Guarujá, Hortolândia, Itapipoca, Ivaiporã, João Pessoa, Juiz de Fora, Lorena, Marialva, Mogi Mirim/SP, Monte Alto, Niterói, Nova Friburgo, Paranaguá, Pinhais, Porto Alegre, Recife, Ribeirão Preto, Rio Claro, Rio Grande, São Carlos, São José dos Campos, São Paulo, Taubaté, Teresina e Três Lagoas.
A maioria nos estados de São Paulo e Nordeste, especialmente em Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco e Piauí.
Além do reconhecimento, os municípios vão receber financiamento para expandir suas boas práticas e recebem acesso a uma rede global exclusiva de profissionais de silvicultura urbana, destacou a FAO.
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