O método que ajuda a prever o futuro da sua organização
Por: Gabriela Pereira
Publicado em: 07/11/2024|08:54
JOTA
Planejamento estratégico. Duas palavras simples que, quando colocadas lado a lado, costumam gerar muitas dúvidas. O que é? Como começar? Que ferramentas usar? Faz sentido aplicar à minha organização ou área? Vejo que muitos advogados ainda não implementaram processos de planejamento estratégico em razão dessas dúvidas ou por acreditarem que é mais difícil do que realmente é.
Em breves linhas, o planejamento estratégico é o processo pelo qual uma organização define seus objetivos de longo prazo e traça o caminho para alcançá-los, considerando fatores internos e externos que possam impactar seu desempenho. Ele inclui a análise do ambiente de negócios, a formulação de metas e a criação de estratégias específicas para atingir essas metas, servindo como uma espécie de “mapa” que orienta as ações e decisões da organização.
Contudo, para que o “mapa” cumpra sua função, é importante ter clareza sobre o destino. É como naquela frase clássica do filme “Alice no País das Maravilhas”, que diz que o caminho a tomar não importa se você não sabe para onde ir. Antes de escolher o caminho é necessário definir onde se quer chegar, ou qual a visão da organização.
A visão é uma declaração que define onde a organização deseja chegar no futuro e como quer ser percebida ao longo do tempo. Em essência, é o propósito de longo prazo e representa uma aspiração. Ela descreve o que a organização pretende alcançar e, em conjunto com os valores organizacionais, serve de guia para o direcionamento estratégico.
A partir da definição da visão (“destino”), se torna possível analisar o melhor caminho, que dependerá de diversos fatores internos e externos. Em um paralelo com a vida, sempre que analisamos caminhos para ir de A a B, consideramos fatores internos (como urgência, disposição física) e externos (como clima, meios de locomoção disponíveis) para a tomada de decisão. O mesmo é feito durante o planejamento estratégico.
A análise SWOT (do inglês Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats) é uma ferramenta muito utilizada para a identificação desses fatores internos e externos que impactam a organização, o que possibilita a escolha do caminho melhor alinhado à realidade e potencialidade da organização.
Ela começa pela avaliação dos fatores internos, referidos como Forças e Fraquezas, que representam as condições que a organização pode controlar. Após, são analisados os fatores externos, conhecidos como Oportunidades e Ameaças, aspectos do ambiente que impactam a organização, mas sobre os quais ela não tem controle. Essas análises, somadas à visão e valores da organização, formam a base sólida para a definição do caminho a ser seguido, que estará alinhado ao propósito de longo prazo e ao contexto atual da organização.
No planejamento estratégico, o caminho se traduz em objetivos estratégicos, que representam os resultados necessários para que a organização possa ir do local atual ao destino desejado. São os objetivos estratégicos que definem a estrutura para transformar a visão em realidade.
Para serem alcançados, esses objetivos precisam ser transformados em ações específicas e concretas. Estratégias bem estruturadas oferecem um guia claro para cada nível da organização, permitindo que todos trabalhem de forma alinhada e orientada para o sucesso a longo prazo.
Esse alinhamento entre todos os níveis ocorre através do desdobramento da estratégia. O planejamento se desdobra em estratégico, tático e operacional, três níveis distintos, com foco e horizonte de tempo diferentes, mas que atuam de maneira interconectada. Juntos, eles garantem que a visão, os objetivos e as metas da organização sejam desdobrados de forma prática em todos os níveis da empresa.
O planejamento estratégico guia a organização rumo a sua visão de longo prazo, definindo o caminho para o futuro desejado. Essa visão de longo prazo é o que diferencia o planejamento estratégico dos outros níveis. O planejamento tático faz a ponte entre o estratégico e o operacional, desdobrando a visão de longo prazo em planos e metas específicas para cada área da empresa. Já o planejamento operacional concentra-se em tarefas e processos específicos e é essencial para garantir que o trabalho diário contribua diretamente para os objetivos de médio e longo prazo.
A conclusão dessas etapas fornece a clareza sobre o destino (visão), o caminho (objetivos estratégicos e ações) e fatores internos e externos que podem impactar o caminho, bem como garante o envolvimento e alinhamento de todos envolvidos na trajetória (desdobramento da estratégia).
Mas é importante garantir que o planejamento estratégico permaneça atual e relevante. Por isso, recomenda-se estabelecer prazos para a revisão do planejamento, momento em que se avaliam as metas e indicadores, se identificam os desvios e causas e se revisam as prioridades. Essa etapa se torna ainda mais necessária em um cenário de constantes mudanças como o atual.
O próprio processo de planejamento estratégico tem evoluído para atender às demandas de um mundo marcado por mudanças rápidas e crescente imprevisibilidade. Se historicamente o planejamento estratégico era estruturado de forma rígida, com objetivos e metas claramente definidos para um horizonte de longo prazo, hoje as organizações adotam uma abordagem adaptativa, com planos que são frequentemente revisados e ajustados conforme surgem novas informações ou mudanças no ambiente.
De certa forma, além de mais coerente com os tempos atuais, essa abordagem adaptativa reduz o sentimento de que o planejamento estratégico deve ser preciso, uma vez que cria espaço para o aprendizado e correção de rota ao longo do caminho. O que é também uma boa notícia para aqueles que ainda não criaram processos de planejamento estratégico nas suas organizações.
Com base nas etapas mencionadas anteriormente, um passo a passo simples para começar um processo de planejamento estratégico seria:
1. Defina a Visão e a Missão
2. Faça uma análise situacional
3. Defina os objetivos estratégicos e as estratégias
4. Defina um plano de ação
5. Implemente, acompanhe e revise o plano
6. Engaje equipe
Mesmo as áreas jurídicas internas, que participam do planejamento estratégico das suas organizações, se beneficiam de criar um planejamento estratégico próprio, voltado a identificar a missão e visão da área e quais os objetivos e ações necessários para chegar lá.
Com o planejamento certo, qualquer organização pode transformar visão em realidade, mas é importante dar o primeiro passo.
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